quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Uma Corrida para o Front - por Jason Vogel


Há exatos cem anos, no decorrer da 1ª Guerra Mundial, o mundo descobria que um trivial meio de transporte urbano poderia servir como transporte militar. Foi de táxi que uma brigada de infantaria francesa conseguiu chegar ao campo de batalha a tempo de evitar que Paris fosse tomada pelos alemães.


Os carros eram, quase todos, Renault Type AG, um modelo que era fabricado desde 1905 para trabalhar na praça. Seu modesto motor de dois cilindros e 1.250cm³ rendia 8cv. Mas a velocidade máxima de 40km/h foi suficiente para ajudar numa vitória estratégica.


A soberania da França estava ameaçada naquele fim de agosto de 1914. A guerra começara há apenas um mês e as tropas do Império Alemão avançavam para tomar Paris.

Com 900 mil soldados e 2.928 canhões, divididos em duas alas, o inimigo ganhava terreno. Em 5 de setembro de 1914, os alemães já estavam em Seine-et-Marne, a meros 50km da capital francesa. Era preciso reagir rapidamente.

Foi aí que os generais franceses Joseph Gallieni e Michel Joseph Maunoury tiveram a ideia de requisitar carros de praça para transportar 6 mil soldados de Paris para o front. Dos 10 mil táxis da Cidade Luz, 1.100 foram usados no esforço de guerra. Cada um levava cinco militares e mais o motorista.


A movimentação começou na noite de 6 de setembro. Às escuras, os carros seguiram em fila até o ponto em que as tropas da 7ª Divisão de Infantaria da França iniciaram a reação.

No fim, mais de um milhão de soldados franceses e ingleses participaram da 1ª Batalha do Marne. Nem todos foram de táxi, é claro, mas os Renault AG tiveram um importante papel estratégico e psicológico.

A maioria dos carros de praça foi liberada do combate no dia 8 de setembro. E, por todo esse período, o taxímetro correu. Os motoristas receberam 27% do valor da tarifa normal.



Kléber Berrier, o último sobrevivente dos “chauffeurs” da Batalha do Marne, morreu em 1985, aos 96 anos. Hoje, os “Táxis do Marne” são tratados como heróis de guerra na França, com direito a estátua em praça e preservação em museus. Domingo passado, esses veteranos Renault desfilaram por Paris e arredores em comemoração ao 100º aniversário de sua grande corrida.


Nenhum comentário: