domingo, 1 de junho de 2014

GRANDE PREMIO 4º CENTENÁRIO - 1965



Corrida no antigo circuito da Barra da Tijuca em 1964. Nas imagens vemos a esquina da Av. Sernambetiba com a Av. Olegário Maciel e outro ângulo mostrando somente a Av. Olegário Maciel. Nesta corrida Chico Landi foi o primeiro colocado na categoria especial com o Karman Guia Porsche




Pode se dizer com certeza que a temporada de 1965 foi o auge da briga entre as fábricas, entre outras coisas por que tanto a Simca, como a Willys e a Vemag tinham carros em condições vencer corridas. 

É certo que o Simca Abarth tinha boa vantagem sobre os Alpines/Interlagos da Willys e sobre os Malzoni da Vemag, mas pela primeira vez tinha-se a impressão de real disputa entre as fábricas.

O GP do IV Centenário do Rio de Janeiro tinha assumido uma importância tremenda, entre outras razões, devido à importância única da data. Também havia a impressão de que os dias dos Abarth no Brasil estavam contados, embora ainda fossem competitivos, pois poucas semanas antes, Jaime Silva ganhou uma rara (na época) corrida em Vitória, Espírito Santo. 

Os Abarth estavam no Brasil interinamente, e mais cedo, mais tarde, deveriam voltar para a Europa. A Vemag tinha simplesmente dominado o GP de Piracicaba, em parte devido à ausência das duas outras fábricas: suspeitava-se que estas achavam que perderiam a corrida no circuito de rua de Piracicaba, com muitas ladeiras, curvas fechadas e quase sem retas, mais propício para os carros com mecânica DKW (tração dianteira e grande torque).

O circuito da Barra da Tijuca também parecia propício para os simpáticos Malzonis brancos, mas ainda assim, a Simca compareceu com tudo: duas Abarth para Jaime Silva e Ciro Caires, o Tempestade para Ubaldo Cesar Lolli, Jose Fernando Toco Martins com um Protótipo Tufão, e dois Tufão Grupo 2 para Lauro Soares e Jaú. Tudo isso com Chico Landi à frente.

A Willys marcou presença com carros para Wilson Fittipaldi Jr. e Luis Pereira Bueno(Alpines), e Berlinettas Interlagos para Bird Clemente, José Carlos Pace e Carol Figueiredo. Por último, a Vemag comparecia com três Malzonis para Marinho, Eduardo Scuracchio e Chiquinho Lameirão, além de Belcar para Anísio Campos. Além disso, estavam lá os gentlemen drivers da equipe Jolly-Gancia, Emilio Zambello e Piero Gancia, com as suas Alfas importadas. Ao todo, havia 39 carros, inclusive um carro que ninguém esperava.

Todos estavam acostumados a ver Camilo Christófaro correndo com sua carretera Corvette 18 ou com seu Maserati-250 F com motor Chevrolet, de Mecânica Continental. No início da década, correu muito de JK, portanto, fez certa surpresa, e furor, quando apareceu com uma Ferrari, uma GTO de 1958. 

Na 56a. volta, Landi quase fica apopléctico. Jaime não passou. Com poucos minutos para terminar a corrida de 2 horas, Jaime Silva e a Abarth quebraram. E quem acabou ganhando a prova foi seu sobrinho Camilo. Em 2o. lugar, para surpresa e satisfação geral, Marinho com o Malzoni Branco, número 10, seguido de Wilsinho com a primeira Alpine amarela.

Infelizmente, a corrida não terminou com a bandeirada. Chico Landi, insuflado por Lauro Soares e Lolli, decidiu protestar a Ferrari. O argumento de Landi não era de todo errado. 
Alegava que a Ferrari entrou no Brasil legalmente, com sua homologação de GT, da FIA. Entretanto, mais tarde Camilo a despachara para a Itália, e o carro passou por algumas "modificações", inclusive um motor de Testa Rossa 12 cilindros. Portanto, Chico alegava que o carro tinha papéis de GT, mas na realidade era um "Protótipo". Camilo não contra-argumentou, mas poderia dizer que embora as Abarth estivessem com a sua homologação correta, como GTs, de fato estavam no Brasil ilegalmente há mais de um ano, segundo a alfândega, portanto, não podiam correr. 

Houve um certo ba-fa-fá durante a cerimônia de premiação, seguido de ligações até para a Itália. No fim, Camilo foi confirmado vencedor, embora enquadrado na classe protótipos e na geral. A Simca conseguiu, com isso, a vitória na categoria GT acima de 1300 cc. E esta acabou sendo a penúltima corrida dos Abarth das pistas brasileiras.

Classificação Final do GP IV Centenário de 1965

1. Camilo Christófaro -- Ferrari GTO, 60 voltas, em 1h58m23s08, média 132,894 km/h
2. Mario Cesar de Camargo Filho -- DKW Malzoni -- 57 voltas
3. Wilson Fittipaldi Junior -- Alpine -- 57 v.
4. Jaime Silva -- Simca Abarth -- 56 v
5. Eduardo Scurrachio -- DKW Malzoni -- 54
6. Bird Clemente -- Willys Interlagos -- 52 v
7. Ubaldo Cesar Lolli -- Simca Tempestade -- 52 v
8. José Carlos Pace -- Willys Interlagos -- 51 v
9. Carol Figueiredo -- Willys Interlagos -- 51 v
10. Emilio Zambello -- Alfa Giulietta -- 51 v

esquisa - Carlos de Paula
Video - Omar Ferreira / José Carlos Tardio / Paulo Faria / Célio Guedes / Paulo Peralta

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