quarta-feira, 28 de maio de 2014

É FOGO. POR BORIS FELDMAN


           Já comentei sobre o “golpe” do extintor. Confira no seu carro: se for do tipo BC, não importa a validade de cinco anos, pois terá de ser jogado no lixo e substituído por um ABC, obrigatório a partir de janeiro de 2015. E cuidado para não empurrarem a você um BC bem barato, pois as lojas querem se livrar do estoque. Exija um ABC. Caso contrário, multa de R$ 127,69 e cinco pontos no prontuário.
         O comentário gerou críticas: alguns leitores entenderam que eu defendia o extintor no automóvel, mas foi apenas um alerta para ninguém cair no conto do vigário e levar outro do tipo BC, que só vale até dezembro de 2014. Extintor é uma aberração e não defendo sua obrigatoriedade no automóvel. Na verdade, só mesmo alguns países incoerentes e corruptos como o Brasil ainda exigem o extintor, mesmo com a injeção eletrônica. Depois que ela eliminou o carburador e distribuidor, uma dupla que até parece ter sido projetada para botar fogo no carro, são raros os incêndios em automóveis modernos. Só mesmo em Kombis e Fuscas...
        Extintor sempre foi controvertido. Obrigatório desde 1968, o motorista dificilmente se lembra de onde fica e tem dificuldade para operá-lo corretamente. Pior: raramente tem eficiência ao combater incêndio em automóveis. A exigência foi motivada por um poderoso lobby de fabricantes que pressionou o Contran para estabelecer a obrigatoriedade. Outros países o aboliram quando o carburador foi substituído pela injeção eletrônica. E o inacreditável: em vez de abolir o equipamento, a exigência agora é por outro, mais caro e sofisticado.
        Há dez anos, não satisfeitos em encher as burras com o bilionário faturamento de milhões de extintores, os fabricantes carregaram para Brasília mais alguns “argumentos poderosos” e conseguiram emplacar no Contran uma outra resolução, desta vez exigindo um novo modelo. E a lei mudou em 2005, começando pelos veículos zero quilômetro. Mas, até o fim deste ano, todos os automóveis terão de substituí-los pelos do tipo ABC. Sentiu a mão entrando duas vezes no seu bolso?  Depois de utilizado o dos cinco anos de validade, o ABC não é reciclável nem recarregável e tem que ser descartado e substituído por outro novo. Pode?
        Fácil ganhar dinheiro com extintores no Brasil, não? É só multiplicar por R$ 50 (custo dele no mercado) as dezenas de milhões de veículos que ainda têm os antigos, mais os carros na linha de montagem e mais as substituições dos ABC vencidos para se ter uma ideia de quantas centenas de milhões de reais são faturados à custa  ─ como sempre ─ do indefeso cidadão brasileiro.
        Um incalculável faturamento originário de um equipamento que, de pouco eficiente na época do carburador, tornou-se quase inútil com a injeção eletrônica dos automóveis modernos.

2 comentários:

Juvenal Jorge disse...

Essa classe política e esse (des)governinho petista merecem apanhar com gato morto até o bicho miar.
Nunca vi ter tanta raiva e nojo de um povo.Sem dúvida é algum recalque causado por abuso na infância.
Políticos são demônios terrenos. Voltem ao inferno, junto com seus amigos lobistas.
Ontem vi pela primeira vez um lindo adesivo em um carro. Estava escrito " FORA DILMA. #ForaPT "
Estava em carro "de rico" ? Não. Era um simples Uno Mille antigo, bem gasto e carcomido.

EMANUEL ZVEIBIL disse...

É, Boris e Mahar, se servissem para apagar a corrupção, tinha que ser " tipo de A a Z". Abraços, Emanuel