sexta-feira, 25 de abril de 2014

ALTA RODA COM FERNANDO CALMON



Alta Roda nº 781 — Fernando Calmon — 22/4/14







POTE DE OURO






O atual momento de vendas fracas no mercado brasileiro, que pode se estender de 2014 para 2015, não representa o melhor pano de fundo para o grande investimento feito pela Nissan em Resende (RJ). Afinal, não é todo dia que se despendem R$ 2,6 bilhões para produção de 200.000 carros e 200.000 motores por ano. Mas segundo o presidente mundial da aliança Renault-Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, o grupo considera esse movimento estratégico.
“Não investimos pensando nos próximos seis meses e sim nos próximos dez anos. Precisamos dessa fábrica para crescer junto com o mercado. O Brasil, hoje, é o quarto maior do mundo em termos de vendas internas de veículos, porém mal chega a uma taxa de motorização de 200 veículos por 1.000 habitantes. O potencial, no entanto, é muito maior. Por que não 400 veículos por 1.000 habitantes ou algo próximo, hoje, a Portugal?”, assinalou.
O executivo também considera que a participação da Nissan no País de apenas 2%, atualmente, se deu por uma série de fatores e o principal agora está equacionado. Prevê avançar pelo menos um ponto percentual por ano e chegar aos 5% em 2016. Admitiu que precise de pelo menos mais dois modelos, além do novo March, neste momento, do sedã derivado Versa, dentro de seis meses, e dos produtos de São José dos Pinhais (PR), México (inclusive o antigo March) e EUA.
Atual arquitetura compacta V comporta um SUV, cujo esboço surgiu no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro de 2012. É candidato natural para a nova fábrica. O monovolume compacto Note seria outra opção, embora já seja produzido no México e a integração dos dois mercados continuará. Há um ano Ghosn disse que a produção de algum produto da nova submarca Datsun, de produtos de baixo custo, dependeria de uma consolidação prévia da Nissan no mercado brasileiro. Mas, sua resposta agora à mesma pergunta feita antes pela coluna foi menos evasiva, na linha de “uma coisa de cada vez”, ainda para manter o ar de mistério.
Capacidade alta de produção de motores também indica que o fornecimento das unidades de 1 litro/4 cilindros feitas pela Renault no Paraná, pode ser trocado por motores de origem da própria Nissan. Essa cilindrada tende a voltar a subir de participação no mercado brasileiro (hoje, 40%) em curto prazo. E os tricilíndricos parecem que vão dominar o cenário, abrindo essa oportunidade em instalações modernas de Resende.
Em alguns momentos, naturalmente, o executivo se mostrou de certa forma decepcionado por este período de mercado nacional “acomodado” – para usar de polidez. Mas os planos de expansão do grupo estão mantidos e, no dia seguinte, anunciou novo ciclo de investimentos de R$ 500 milhões para a marca Renault. Confirmou que serão dois produtos novos, sem antecipar os escolhidos. No entanto, consideram-se certos a versão picape do Duster e o SUV compacto Captur derivado do atual Clio IV europeu (da Argentina vem o Clio II).
Uma coisa se tem como exata: pote de ouro é mesmo o segmento que inclui EcoSport, Duster, Tracker e, no futuro próximo, Peugeot 2008, Taigun, GLA, X1, Captur, HR-V, Renegade (mais o Fiat correspondente) e derivados do HB20 e até do Etios, sem falar dos chineses. Para todos os gostos e bolsos.

RODA VIVA

MODELO alemão de enfrentamento de crises de demanda temporárias tem alguma chance de emplacar agora no Brasil. Para não desempregar mão de obra especializada, governo, empresas e sindicatos estudam suspensão do contrato de trabalho em alternativa às demissões. Parte dos salários seria pago pelo seguro-desemprego. Falta avançar nas negociações.
VOLKSWAGEN achou o caminho das pedras para produzir, na China, um carro de entrada mais barato (equivalente a R$ 25.000 aqui). Solução é a mesma aplicada pela Renault na sua subsidiária romena Dacia: partir de uma arquitetura fora de linha, de duas ou três gerações anteriores, e criar nova carroceria. Como o dito popular, “o que os olhos não veem, o coração não sente”.
APENAS no final de 2014 a JAC terá disponível o seu novo T6, SUV de porte médio, que está à venda na China há um ano. Surpreende pelos bons materiais de acabamento e a vedação dupla de portas (no entanto, pesadas para manusear). Motor de 2 litros/155 cv tem ótima resposta em baixas rotações; engates do câmbio manual poderiam ser melhores.
FORD E TOYOTA trombetearam, na mesma semana, que Focus e Corolla, respectivamente, foram os modelos mais vendidos no mundo em 2013. Fontes diferentes, as consultorias Polk e Focus2Move, somam todas as versões de igual nome-modelo (hatch e sedãs). Já que é assim, Golf e sedãs derivados Jetta, Sagitar, Bora e Lavida passam de longe os dois citados.
COM admissão da Maserati, este ano, o exclusivo clube de 18 marcas centenárias ainda em produção aumentou. Em ordem alfabética: Alfa Romeo, Aston Martin, Audi, Bugatti, Buick, Cadillac, Chevrolet, Fiat, Ford, Lancia, Maserati, Mercedes-Benz, Opel, Peugeot, Renault, Rolls-Royce, Skoda e Vauxhall. Próximo da fila a Dodge, em 2015.

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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

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