terça-feira, 13 de dezembro de 2011

DODGE JOURNEY, O CARRO PONTE...



Semana passada fui a um lançamento que me fez pensar muito... foi o do Dodge Journey, chamado de crossover pelos marketeiros. Crossover pode ser traduzido livremente como carro-ponte, e isso ele é. Liga as características de um carro moderno ao tamanho e aparência de uma camioneta ou perua, como queira, ainda por cima com um leve toque de tamanho e brutalidade de um 4x4. A vantagem é o preço, 91 mil reais por ser mexicana.


Normalmente são veículos altos, de avantajadas proporções e peso paquidérmico. No caso mais de 1.900 kg SEM TRAÇÃO TOTAL, que adiciona muito peso ao delicado conjunto. A aparência alta, forte e agressiva tem muito a ver com os tempos em que vivemos, tentando sobreviver e ser alguém na multidão Malthusiana, na grande aglomeração urbana onde a falta de espaço para viver nos torna agressivos e com necessidade de símbolos de poder fechados dentro do maldito Insulfilm, que a todos esconde e a todos cega – estou cansado de levar fechadas nesse trânsito de cegos – dando uma falsa sensação de segurança, um ouro de tolos...


Sim, ouro de tolos, pois esses carros que dão essa tão desejada sensação de segurança e domínio são inevitavelmente pesados e altos, com um centro de gravidade elevado produzido por sua própria imputação e arquitetura imponente. Isso os torna inerentemente instáveis e com maior ou menor tendência a virar em uma manobra brusca, malgrado o caminhão de contramedidas eletrônicas que os caracteriza. Esse belo Journey, viagem ou jornada em inglês, tem controle de estabilidade até para quando estiver rebocando um trailer ou barco, tarefa a que aliás é bem adequado.

Com 280 cv e uma caixa automática de SEIS marchas, ele se move com facilidade e acelera forte, embora a velha regra de que não se passa facilmente mais de 200 cv pelas rodas dianteiras ainda seja válida. Os controles de tração e estabilidade têm de deixar certa liberdade às rodas para não ter uma entrada agressiva e cortante o tempo todo e se for apertado o pedal do prazer com disposição em baixa ele dá uma pequena, quase imperceptível “passarinhada” de frente, tal é a magnitude d atarefa dos homenzinhos verdes que controlam tudo lá nas profundezas do vasto espaço de computação que um carro moderno de luxo requer. Dá até para umas pequenas veleidades esportivas em cima das imensas rodas e pneus de boa qualidade que o equipam, mas sempre há que ter em mente o preço que se paga pelos sete lugares e a alta capacidade de tração e reboque que o Journey oferece. 



Aí o velho beletrista automoblístico pergunta encafifado: onde foi parar a station wagon, a perua ou camionete derivada de um carro, como a Chevrolet Caravan, a Renault Grand Tour, a Peugeot 307, a Jetta Wagon e outras do mesmo tipo, que têm o espaço mas não a altura limitadora? Se a madame soubesse das limitações reais do veiculo que prefere por ficar mais alta no volante talvez pensasse várias vezes antes de se comprometer nesse tipo de veículo.


Não se engane o leitor, a Dodge Journey não chega a ser perigosa, longe disso, só é ágil como um elefantinho que dança... Tem todos os brinquedos de telefonia, som e servidores elétricos, interior de couro que ninguém é bobo em Auburn Hills. Chega até a ser relativamente econômica, bebendo por volta de sete km por litro no trajeto de Guarulhos até Bertioga serra acima e serra abaixo. A caixa é obviamente suave nas trocas, o banco é confortável como o colo da mamãe, a posição de dirigir é bem boa, a visibilidade para frente é razoável, embora ruim para trás.


Tanto é assim que seu irmão, o Fiat Freemont, tem uma câmera de ré pois para trás quase nada se vê. Aliás pensei muito no Freemont com 100 cv a menos e uma caixa automática de QUATRO marchas, sem as benesses da caixa da Dodge com uma multidão de marchas para atender a qualquer necessidade de potência. De toda forma, estou esperando uma Fiat para formar opinião, pois na época do seu lançamento estava fora de combate internado na oficina.


Como diria Carlinhos Lira em Inútil Paisagem, mas pra que tanto mar, tanto metal e tanto peso para levar o que na realidade sempre é um casal com dois filhos? Coisas da modernidade...













5 comentários:

JasonV disse...

Poeta! quando crescer, quero escrever assim!

O Corsário Viajante disse...

Mais que um post, um manifesto.
Parabéns, assino embaixo.

Anônimo disse...

mestre...

que texto.... merece cadeira na ABL......................

Wagner - Curitiba disse...

Mestre...aqui na região metropolitana de Curitiba(terra da Renault), lamentamos muito a descontinuidade da transmissão automática na Grand Tour. Sabemos de fonte segura que StationWagon deste fabricante em terra tupiniquim não virá tão cedo. SUV´s malditas...perdem em espaço e são "menos" carros do que as SW´s. Que pena o grande mercado ser feito por consumidores nada exigentes. Aplausos ao post...considero desabafo de muitos!

Wagner - Curitiba disse...

Mestre...aqui na região metropolitana de Curitiba(terra da Renault), lamentamos muito a descontinuidade da transmissão automática na Grand Tour. Sabemos de fonte segura que StationWagon deste fabricante em terra tupiniquim não virá tão cedo. SUV´s malditas...perdem em espaço e são "menos" carros do que as SW´s. Que pena o grande mercado ser feito por consumidores nada exigentes. Aplausos ao post...considero desabafo de muitos!