sábado, 6 de agosto de 2011

FUTURLINER, O SHOWBUS DA GM



Lá pelo meio dos anos 30, o mundo vivia fascinado pelo impacto cada vez mais rápido das evoluções tecnológicas. É preciso lembrar que tinha sido há pouco mais de 30 anos que o automóvel e o rádio tinham sido difundidos: o carro a partir de 1908 por Henry Ford com seu Modelo T e o rádio, por Preston Tucker e seu rádio acessível às multidões.



Foi nesse clima de entusiasmo que o grande inventor, diria mesmo o pai dos detalhes do automóvel, Charles "Boss" Kettering, o chefe de tecnologia da GM, teve a ideia de fazer uma exposição itinerante que mostrasse ao povo americano o admirável mundo novo que se anunciava no futuro, Televisão, som estéreo, geladeiras modernas e fornos de micro-ondas eram motivos de queixo caído para o povo americano, que de quebra podia conhecer os novos produtos sobre rodas da Grande Mãe.





Com o sucesso do circo tecnológico, a diretoria da GM decidiu aumentar a aposta e construir novos ónibus. Projetados por Harley Earl, o designer que definiu o carro moderno, eram montados em cima de chassis de caminhões militares do tipo CCKW, mas com só dois eixos, ambos tracionados. O motor ficava no lugar convencional, na frente, mas a cabina de comando era em cima, dentro de um aquário de acrílico que fritava os pobres motoristas no verão americano.





Em 1936 foram construídos alguns furgões dentro da grande moda desse tempo, as linhas aerodinâmicas, Junto com mais uma multidão de carros, camionetes e caminhões, levavam aos grotões longínquos o FUTURO. A tenda da exposição por si só já era uma atração, podendo sentar 1.500 pessoas de uma só vez, coisa nunca vista na época.



O motor da versão inicial de 1940 era um Detroit Diesel 4/71 de 120 cv, e a caixa era manual de cinco marchas, difícil de cambiar pela distância entre o motorista e ela mesma, lá embaixo atrás do motor e sem sincronização.  O mesmo acontecia com a direção, posteriormente hidráulica a explodir as bombas pelo excessivo esforço incutido pelas rodas dianteiras duplas, cada uma com seu próprio tambor de freio. 

Ainda assim freavam pouco e foi imposta uma distância regulamentar de 100 metros entre cada veículo para evitar beijos de traseira como o acontecido em 1940.



Com o inicio da II Guerra, o circo parou de funcionar e só votou em 1953 com os ônibus reformados. Agora tinham um motor 302 GMC de seis cilindros (Stovebolt, parente do Chevrolet Brasil) do mesmo CCKW. O câmbio era automático Hydramatic  quatro marchas dos caminhões militares da Guerra da Coréia.



Além disso atrás dela existia uma redutora de duas marchas controlada da cabine de comando, somando oito marchas, e mais uma caixa auxiliar de três marchas acionada à mão no diferencial, completando VINTE E QUATRO MARCHAS...




Como os doze onibus construidos eram muito pesados, verdadeiros palcos ambulantes com geradores a diesel  de 200 kW para sustentar as luzes do teto e internas, acionado por sistemas hidráulicos complexos tocados pelo motor pricincipal, cada um deslocava 13 toneladas. Os tanques de combustível acolhiam 170 litros cada um, perfazendo 340 litros. Imagine o consumo de gasolina...médias de um por um...



Assim, o pobre motor de 145 cv possibilita 65 km/h de final. Uma velocidade adequada, já que tinham 11 metros de comprimento, 2,40 m de largura, 6,30 m de entre-eixos  e 3,30 m de altura: uma emoção passar embaixo de pontes... E tudo em estradas de mão dupla, já que as superestradas, as Interstates, estavam ainda no futuro, nos anos 50. A caravana passou por 251 cidades e acolheu mais de 13 milhões de pessoas no seus dois mais três anos de funcionamento.





Em 1956, a própria invenção que era mostrada nos Futurliners, a televisão, matou o interesse do povo em ver esses eventos e os ônibus foram doados ou vendidos. Um foi para um pastor famoso, Oral Roberts (Que nome!). outros dois foram para a Polícia Rodoviária de Michigan para servir de atração nas campanhas de segurança na estrada e os restantes foram vendidos, alguns virando motorhomes.


Um deles, perfeitamente restaurado , foi comprado por um milionário do Arizona em um leilão por QUATRO milhões de dólares há uns anos, o qual vemos aqui em um vídeo. Uma peça da história da industria automobilística americana que inicia nossa comemoração dos 100 anos da CHEVROLET, o carro em que aprendi a dirigir em 1960...


O FUTURLINER DE 1936

VIDEO AQUI






Um comentário:

Sallorenzo Luz Imagem disse...

Os americanos definiam essas exposições como Road Show. O termo até hoje é usado para definir lançamentos ou demonstrações de novos produtos, seguindo um roteiro de varias cidades.

Paulo Sallorenzo