sábado, 27 de agosto de 2011

CARROS QUE VOCÊ NUNCA VAI TER: FIAT SUPERSONIC OTTOVÚ




Em 1953, o Fiat 8V Supersonic era um estranho no ninho nas ruas: diferente de qualquer Ferrari ou Maserati que, por mais exóticos que fossem, pareciam caretas perto dele. O chassi e a mecânica eram de um carro que Turim produziu para mostrar que estava ativa e forte. Possuía um motor V-8 de 2 litros de projeto bem americano, com comando central, balancins e válvulas no cabeçote, e 140 cv.


 Alfa Romeo Supersonic Savonuzzi

Esse carro que aqui enfocamos foi filho de Virgilio Contero, um dos mais famosos preparadores de Alfa Romeo de Turim. O suíço piloto-gentleman Robert Fehlmann lhe encomendou um carro muito especial para a Mille Miglia de 1953, construído em torno de um motor Alfa 1900 Sprint  (o pai do nosso JK Tipo 115), mais uma plataforma de Fiat 1400 e suspensão/direção e freios de Lancia Aurelia B20. Para a carroceria Conrero apelou para seu amigo Giovanni Savonuzzi, o famoso autor dos Cisitalias de 1950, recém-nomeado projetista-chefe da Carrozeria Ghia.




Savonuzzi apareceu com o agora famoso estilo  Supersonica. Ainda espetacular nos dias de hoje, imagine o impacto desse carro nas ruas de 1953: linha de cintura baixa, capô longo, teto rebaixado sobre a cabine compacta e lanternas traseiras inspiradas nos escapamentos das turbinas dos aviões a jato, bem na moda aero supersônica da época.




Estrela máxima do Salão de Turim de 1953, desafortunadamente durou pouco, com sua vida encurtada por uma megacacetada na Mille Miglia. Mas o carro já tinha marcado seu lugar nos corações e mentes dos aficionados e a Ghia resolveu fazer uma pequena série em cima do chassi do excitante carro de oito cilindros em vê.




 Ele  se chamou de Fiat OTTOVÚ porque nessa época achavam que Vu Otto ou Vê oito era marca registrada da Ford. Esse recém-chegado era o mais interessante carro italiano desses tempos, pois com exceção da Ferrari e seus V-12, os Alfas e Lancias eram todos montados com motores de quatro ou seis cilindros. 




O estilo do carro era quase idêntico ao feito para Fehlmann. Foi mostrado pela primeira vez ao publico no Salão do Automóvel de Paris em outubro de 1953, onde os jornalistas presentes o elegeram o carro mais belo da mostra.




Dos 14 produzidos o mostrado aqui é o nº. 2, leiloado em Pebble Beach por UM MILHÃO de dólares. Foi totalmente restaurado por uma firma holandesa chamada Strada&Corsa, que já refez 13 dos 14 carros produzidos com todos os detalhes originais, desde os dois Weber 36 DF3 até o volante Nardi original, além da cor grafite Domo interior azul.



Adendo by Mahar: O mais Ford dos OTTOVÚ...

No meio dos anos 60, John Willment era um dos sócios do que se chamava o rolo compressor da Ford na Europa. Com motores e carros preparados pela famosa Holman&Moody, lendária na Nascar americana, a JW Racing era um rolo compressor movido a dólares e os talentos de Carroll Shelby e Dan Gurney.




Um belo dia Sir John percebeu uma coincidência: um Cobra 427 de corrida tinha  capotado e estava imprestável de carroceria, enquanto ali perto havia um desses Fiat Supersonic - que na época não valia o mesmo de hoje - com uma biela que tinha procurado a liberdade e saído pelo bloco. São esses momentos que geram alguns dos mais belos veículos ou bastardos horrendos.




Mas foi o primeiro caso; a carroceria Ghia foi um pouco alargada nos para-lamas e colocada sobre o chassi tubular do Cobra, fazendo um carro feroz, violento e ameaçador... e de uma beleza impressionante. O motorzinho tinha sete litros, mais exatamente 7.003 cm³, 500 cv e o carro alcança somente 320 km/h...


Os Ford Fairlane 64 na Inglaterra




Um comentário:

Thiago disse...

Belíssimo carro e belíssimo post!
Mahar, muito obrigado por nos trazer essa história que é pouco conhecida e parabéns pelo blog.