terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

PORSCHE 918 RSR: LICENÇA POÉTICA


A Porsche lançou com grandes fanfarras um veiculo de corrida cujo nome de híbrido é certa licença poética. Sim, pois o 918 RSR é um carro normal com motor convencional V-8 central traseiro de 3,5 litros e 563 cv, movido normalmente a gasolina. O grande detalhe é que nas rodas dianteiras o 918 tem dois motores elétricos reversíveis, que geram energia quando freiando, ao reter o veiculo eles mandam energia para o volante movido também a eletricidade que mora ao lado do piloto. Essa energia fica ali estocada na rotação do volante até ser necessária em uma aceleração, uma ultrapassagem, por exemplo, quando então é descarregada nas rodas dianteiras até seletivamente se for o caso de uma curva.


Desta forma, por OITO segundos, são descarregados 204 cv adicionais. Isto serve para ter um motor menor e que gaste menos por não ser tão grande como deveria ser para ter os 767 cv de potencia total. E os 204 cv vêm praticamente de graça, pois são resultado de uma ação de frenagem que geraria energia em forma de calor e desperdiçada na atmosfera. OK, isso no meu bairro chama-se assistência elétrica de frenagem regenerativa, já que o carro acelera mas não anda só na eletricidade nem um metro sequer, a não ser que o volante esteja totalmente embalado. O acumulador do volante de inércia é um motor elétrico cujo rotor gira a até 36.000 rpm para armazenar energia de rotação. O carregamento ocorre quando os dois motores elétricos no eixo dianteiro invertem sua função durante o processo de frenagem e operam como geradores.

 
O BOTÃO DO PRAZER

Quando pressiona um botão, o piloto pode usar a energia armazenada no acumulador do volante de inércia carregado e usá-la durante acelerações ou manobras de ultrapassagem. O volante de inércia é freado eletromagneticamente nesse caso para adicionalmente fornecer mais duas vezes 75 kW (ou seja, um total de 150 kW) de sua energia cinética para os dois motores elétricos no eixo dianteiro.


Sim, o volante economiza algum combustível, recupera uma energia de outra forma desperdiçada e também equilibra os pesos de lado a lado, como se fosse um passageiro ao lado do piloto.


Essa ideia não é nada de novo, pois em 1953 já existiam ônibus na Bélgica que usavam volantes para se mover entre um ponto e outro, onde paravam e reaceleravam o volante, e isso nunca foi eficiente do ponto de vista de uso racional de energia.
O "PASSAGEIRO" ELETRICO


No mais o 918 é uma reminiscência dos imortais monstros de 1000 cv, os 917 que venceram Le Mans nos anos 70, aonde chegavam a 380 km/h no retão de Mulsanne. O 918 é pintado nas cores da Equipe Gulf Porsche, azul e laranja, tendo também certa identidade visual com o carro dos anos 70. Seu monobloco agora é em fibra de carbono.


O motor V-8 é um desenvolvimento do motor com injeção direta do RS Spyder. No 918 RSR, os dois motores elétricos oferecem uma função de distribuição variável de torque para o eixo dianteiro. Isso aumenta a agilidade e melhora as respostas de direção, sendo sua apresentação de torque controlada eletronicamente. Ou seja, um deles pode dar mais torque que o outro para ajudar a fazer curvas


OS MOTORES ELETRICOS DIANTEIROS

Montado antes do eixo traseiro, o motor central é integrado com o sistema de transmissão - de 6 marchas, também baseado no do RS Spyder mas ainda mais desenvolvido, com eixos montados longitudinalmente e engrenagens com dentes retos para roubar menos potência. O câmbio é operado por meio de duas borboletas situadas atrás do volante.




PORSCHE 917
O aambiente espartano de um carro de corridas predomina no interior do 918 RSR. Os bancos são revestidos em couro marrom e o volante tem as luzes indicadoras de mudança das marchas. Duas telas, uma localizada no painel e outra acima do console central (esta, sensível ao toque), fornecem informações ao piloto. O cockpit do 918 RSR é equipado com um minimalista console com seletores.

O equipamento funcional do 918 RSR reforça sua característica de competição: Portas que se abrem obliquamente para cima, entrada de ar no teto, travas rápidas nos capôs dianteiro e traseiro feitos em fibra de carbono, duas antenas montadas no teto para rádio do pit lane e telemetria, pequenas abas laterais frontais, separadores de ar abaixo da extremidade dianteira para melhorar a estabilidade direcional em alta velocidade. Os pneus são slick de perfil baixo nas rodas de 19" com porca central e fazem o 918 RSR um verdadeiro carro de corrida.

4 comentários:

Antonio C. Jr. disse...

Muito legal!
Mas pra mim, leigo que sou, ficou uma pequena dúvida:
Excetuando o tamanho e as diferençãs óbvias, esta parafernalha elétrica de acúmulo e transferência de energia tem algum princípio em comum com o "KERS" utilizado na F-1?
Abraços a todos.

Eugenia Kos disse...

Que beleza de texto, nem a velocidade atropelou as palavras.! Parabens professor!

Wilson disse...

Já tinha lido algo sobre o funcionamento do 918 mas não tinha entendido, agora ficou claro.
Graaaaannnnnnnde Mahar
Wilson

1k2 disse...

Caro Antonio,

A diferença entre o "KERS" e o volante giratório da Porsche é que no segundo não há baterias ou supercapacitores para armazenar a eletricidade usada para gerar a energia para mover os motores elétricos no eixo dianteiro. E há dois tipos de "KERS" que serão usados na F1: a energia armazenada pode ser em um volante ligado ao câmbio e um usando motores elétricos e baterias, também ligados ao câmbio.