quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

DE CARRO POR AÍ COM O NASSER


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Coluna 0111 05jan2011

As águas de janeiro, fevereiro, março ...

O mago Tom Jobim, ao compor o clássico Águas de Março, foi tão econômico nas letras quanto seu par Dorival Caymmi. As águas duram o Verão e nelas há muito mais que o pau no caminho.

Somos responsáveis por não nos entender como parte do meio-ambiente e da natureza, e pouco fazemos para o convívio com o planeta. Desconhecemos os processos industriais, prestigiamos indústrias que poluem na produção, não exigimos que nossos carros tenham peças reparáveis e não apenas substituíveis, por si só enorme desperdício de matérias primas e energia; permitimos que as autoridades continuem fazendo ruas, estradas e pisos não permeáveis.

Resultado, vemos nos noticiários das TVs.

O desequilíbrio da natureza se vê nestes picos de água e seca, ocorrendo em épocas milenarmente diferentes. Ausentes, omissos, despreparados, assistimos anualmente aos mesmos resultados: mortes, perdas, afogamentos, desabamentos ..., as atrações dos jornais da noite, as eternas surpresas dos prefeitos e governadores.

No varejo, problemas ou acidentes com veículos, por desconhecimento ou inabilidade para evitar o embate de automóvel x água.

Os perigos

Conduzir no período chuvoso exige preparação: limpadores de para-brisa eficientes, líquido com sabão para limpar o vidro frontal, desembaçador. Pneus bons, com capacidade de cortar a água, e com pressão acima, umas duas libras, da utilizada para piso seco. E, sobretudo, atenção e civilidade.

Perigos vários: as águas que tampam buracos no asfalto – como se sabe temos a melhor engenharia rodo-financeira do mundo: fazemos as piores e mais caras estradas, que se esboroam com as chuvas, criando buracos e falhas perigosíssimos;

As águas que não se escoam o formam lençóis sobre a pista. O pneu sem aderência, a diferença de nível no lençol fazem o carro aquaplanar, navegar sobre a lâmina d’água, perdendo o contato com o solo e a capacidade de ser dirigido. Melhor para isto é, se possível, reduzir a velocidade e encarar o lençol d’água longe do meio-fio, para que em caso da água forçar mudança de direção, que não seja para bater nas guias. A preparação é a única opção. Não tente dar um golpe de direção ou frear, exceto se seu carro tiver o ESP, programa de auto-estabilidade. Fora disto será falta de controle.

Parede d’água. Mesmo caso das vias sem escoamento suficiente por dimensionamento ou entupimento. Muito comum ver motoristas que entram em fila indiana ou simplesmente jogam o carro contra a água, como se fosse um machado para cortar a massa líquida. Nada mais errado. E acabam enguiçando no meio da passagem.

Mesmo procedimento, há que se avaliar a profundidade. Mais de 30 cm, pare e mude de caminho. Carros modernos tem dois buracos importantíssimos: o da entrada de ar para o filtro do sistema de injeção, e a ponta do cano de descarga dos gases. Se entrar água por qualquer dos orifícios o motor quebrará, pois a água parece inocente, mas é uma destruidora.

Com cuidados dá para passar, desde que você saiba qual a altura da tomada de ar para o filtro. Mercedes Classe A, por exemplo, tem-na europeiamente baixa e com ele deve-se fugir de alagamentos.

Se você acha que a água não entrará pelo sistema de admissão, pode-se contornar a submersão do terminal de escapamento, com alguns métodos. Primeiro, cruzar o alagamento é ato solitário, para evitar as marolas dos carros da frente, ou dos imbecis que dirigem picapes e SUVs grandes e, sem educação, jogam os carros n’água, sem se importar com os demais ocupantes das ruas.

Depois, pare antes, engrene a primeira ou o Drive, e mantenha o motor acelerado a umas 2.000 rpm. Não solte o acelerador por nada. Mante-lo acelerado faz com que a saída dos gases queimados não deixe a água entrar. Soltando, ela será aspirada até o motor e o quebrará.

Em resumo, nada impossível de ser superado com êxito e segurança, e considerando-se o automóvel não ser apenas cápsula de ir e voltar, mas a soma de mecanismos com peculiaridades operacionais e limitações físicas. Respeitá-las é sinal de êxito e segurança. Ignorá-las, correr perigo.

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Cruzar trecho alagado exige conhecer o carro







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A fila dos incentivos

Pelo Decreto 7839 o governo federal ampliou os incentivos concedidos ao desenvolvimento automobilístico do Norte, Nordeste e Centro Oeste. Medida relevante, para deslocar o eixo industrial, fomentando implantação de fornecedores, gerando empregos, desenvolvendo tecnologia local. Porém, apesar do amplo espectro de abertura, entende-se oficialmente que a redação deixa passar apenas a TCA, pequena empresa recifense, de capital argentino, recém controlada pela Fiat Automóveis.

Atrativos grandes, outras companhias interpretaram a possibilidade de enquadramento e utilização dos previstos incentivos – redução de impostos de importação, do IPI, criação de crédito-prêmio – e entraram na fila do protocolo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para carimbar seus pedidos. Leque amplo, desde as previamente incluídas no regime de incentivos, Ford e CAOA, com projetos em usufruto no Ceará e em Goiás; a pernambucana Baterias Moura. Outras interessadas, as chegantes Suzuki, japonesa – grupo Souza Ramos –; e JAC, chinesa – Grupo SHC, Sérgio Habib. Planos grandes, pelo investimento de 3B, dinheiro de causar inveja em corrupto, e barreira seletiva a projetos que nasçam grandes.

Protocolar pedido parece interpretação prática da regra jurídica que garante, a lei não protege a quem dorme. Assim, com as dúvidas causadas pela redação bem burilada para acolher apenas TCA/Fiat, carimbar o requerimento equivale a comprar entrada para a festa, e adquirir direito de discutir eventual negativa por não-enquadramento e a diferença entre o amplo enunciado das justificativas, e o seletivo gargalo da escolha.

Não é disputa pontual, pois os incentivos criam grandes diferenças de custos de produção e margem de lucros, de interesse de todas as montadoras, presentes e futuras – como Suzuki, que depura propostas de instalação, e da JAC, de presença nunca imaginada. Assunto longo.

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Roda-a-Roda

Sem lembranças – A Alfa Romeo decidiu o sucessor do sedã 159, substituto da família 164-166. Desprezou sua plataforma– GM, restos do acordo entre as duas – e trabalhará a da Giulietta, xodó da marca.

Direção – Aberto à imprensa dia 10 – a público aos 15 – o NAIAS, Salão de Detroit, abre o ciclo de exposições mundiais do automóvel. A 23ª edição foca a alegria da retomada econômica norte-americana medida pelo aumento das vendas, e nos veículos ecológicos.

Decisão – Para eles, espaço para test-drives na área interna, longe de gelo, neve e frio. Dirigi-lo é básico a conhecer os novos conceitos em tamanho e operação. O governo é o maior consumidor dos ecoveículos.

Veículos convencionais, o NAIAS promete apresentar 30 novos produtos.

Mudança – Desde o dia 1º empresas automotivas Fiat operam separadas, em nova segmentação comercial, industrial, contábil e negocial.

Automóveis Alfa, Ferrari, Fiat, Fiat Professional, Lancia, Maserati e Abarth sob a razão Fiat. As marcas de trabalho, Case New Holland, tratores e máquinas para construção, e caminhões Iveco serão Fiat Industrial. Ambas são sociedade por ações, tendo-as na bolsa de Milão.

União – Negativa ao pedido de indenização por pretenso prejudicado, acelera o acordo para a Porsche assumir a Volkswagen. O mercado reagiu favoravelmente com aumento no valor das ações de ambas.

Multi – A União Européia não reprova a entrada da sociedade entre a Shell e a brasileira Cosan – produtora de etanol e dona da Esso – para levar o combustível renovável aos países membros.

Família – Além do March, carro pequeno, com motor 1.0, que trará do México para o mercado brasileiro, a Nissan confirma ampliar a presença: também terá o Sunny, bem acertada versão três volumes. Para este, motor 1.5, 108 cv de potência. Curioso não serem produzidos no Brasil pois a plataforma tem a mesma base B0, dos nacionais Logan e Sandero.

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Nissan Sunny, o March 3 volumes, 2º. Semestre

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Enfim – Começa a desmoronar a Ditadura PP – a falta de opção de cores, limitadas ao Preto e ao Prata. Relatório da Dupont, tradicional fornecedor de tintas automotivas, indica 2010 balizou o declínio ditatorial, apesar de ser metade das escolhas. Terceiro lugar, o Branco; quarto, o Cinza.

Caminho – Após dominar a região de Ribeirão Preto e do triângulo mineiro, a Eurobike chegou a S Paulo. Representando BMW, Mini, Audi, Land Rover, Porsche e Volvo, escolheu a Audi para ser trator a abrir o mercado para a corajosa e surpreendente projeção em vender 600 unidades aos paulistanos em 2011.

Rallye – Disputa-se na Argentina o árduo Rallye Dakar. Á largada, amostra de como anda a situação no vizinho país: faltou gasolina nos postos e pesos nos caixas eletrônicos.

Antigos – 28 a 30, Corrida de Calhambeques, em Franca, SP, reunirá dinamicamente os veículos do princípio do século passado em prova de velocidade e anti-velocidade – qual consegue ser o mais lento ..., nesta, o Troféu Roberto Paladino, célebre restaurador de Fords T e A, desaparecido em 2010.

Questão - Idéia boa, nome ruim. Calhambeque, Furreca, Fubica e que-tais desvalorizam o automóvel antigo, reduzem a importância de sua preservação, ironizam o esforço da preservação. Interessado em participar? Corra. 20 vagas restantes. corridapenatabua@gmail.com

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