quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Coluna do Nasser


De carro por aí - J.R. NASSER


 


Salão. O melhor está por vir


O 26º. Salão do Automóvel assinala 50 anos de seu início. Festa grande, bonita, recordista com 180 expositores, e previsão para 600 mil visitantes até dia 7 de novembro. A demanda por espaços para estandes provocou expansão física pela área externa. A expansão retrata o crescimento do Brasil como 6º. produtor e 4º. mercado mundiais, e crescimento a 2/3 da América do Sul, exibindo 42 marcas; 450 veículos. Referências maiores não foram veículos novos ou o surgimento de caminhos ou tendências, mas anúncios de novas fábricas e carros na faixa dos populares; a chegada dos chineses com 9 representantes – edição 2008 eram 2 - vistos como terrorista incógnita no mercado. Agora, acabou a dúvida. Chegaram.


Curioso, entretanto, é observar que tantos estandes, veículos, caras arquitetura e engenharia promocionais, o Salão não tem um rótulo, tema, bandeira ou dístico. Não é o Salão dos Híbridos gaso-elétricos, como o são Mercedes E400 Hybrid e o Ford Fusion, marcos do atual caminho prático-tecnológico. É o Salão, apenas, mostra, exposição, com óbvios e volumosos lançamentos, e pronto. Não assinala marco, tendência, caminho. E apesar do simbolismo do 50º. aniversário, a organizadora, a internacional Reed Exibitions sequer preocupou-se em mostrar um caminho do tempo com os veículos apresentados, uma evolução histórica-tecnológica-social no caminho cinqüentenário.




Novidades

A expectativa que os híbridos gasolina-elétricos, rotulassem o Salão, se esvaiu. Como representantes do novo caminho, apenas Mercedes E 400, a US$ 253 mil, e o Ford Fusion, a R$ 134 mil, de comércio imediato. A Nissan expôs seu Leaf, e a Mitsubishi o MiEv, norte-americano e japonês somente factíveis para produção local por atrativos tributários e fiscais. Tátil, como veículo elétrico, apenas o Speedy Vilco, triciclo individual.


Novidades de maior expressão econômica foram os anúncios de novas fábricas. Suzuki em produzir o jipinho Jimny, em local ainda incerto – aguardando propostas estaduais – em 3.000 unidades no primeiro ano; das chinesas Chery, por unidade fabril em Jacareí, SP, para duas linhas de produtos; Haima, em local a ser definido; e o Grupo Platinuss, importador de veículos exclusivos, em produzir, em Blumenau, SC, esportivo refinado construtivamente, projeto nacional Rossin-Bertin, sobrenomes de projetista e financiador. Meia centena/ ano, R$ 700 mil.


Produtos novos, agora anunciados, apenas no Salão de 2012, carros sub-compactos, a turma do Fiat Uno: Toyota na fábrica em construção em Sorocaba, SP; Honda em Sumaré, SP, em área criada com a transferência da produção de Fit e City para a argentina Campana; March, dito o 1º. popular japonês, importado do México e depois feito em São José dos Pinhais, Pr, um começar de novo pela Nissan; Hyundai, sem CAOA, em fábrica em Piracicaba, SP. E, surpresa, GM e VW, em desenvolvimento. Ford exibe o Start, modelo quase definitivo, 2 mais 2 a caminho de Smart e outros urbanos. Justifica a decisão comum a expectativa que em 2013 o Brasil produza 5M de veículos; as políticas por redução de consumo e emissões, e a certeza de maior expansão no segmento de entrada.


Gulosa, a Chery projeta vender 150 mil veículos, 3% do mercado nacional, percentual aproximado ao hoje detido pela Citroën após 10 anos no país.


Automóveis de sonho, os há: novo Ferrari 599 GTO; Lamborghini LB 560 Superlegera a R$ 1,7M; Aston Martin com o DBS a R$ 1,25M. Segundo Sérgio Habib, importador da marca, ao vender 60 veículos neste ano será o maior revendedor Aston no mundo com a insólita superação de Ferrari. Coisas do Brasil.
                 Suzuki Jimny produzido no Brasil, novidade maior


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Mercado

As marcas frequentadoras do mercado nacional têm novidades entre nacionais e importados. A líder Fiat, exibe o troféu de Carro do Ano para o Uno, conferido pelos jornalistas especializados em sua associação Abiauto, mostrou o Bravo, evolução do Stilo; Uno versão Sporting, com acertos de motor, câmbio mais reduzido e suspensões. Volkswagen importará o Passat CC e do México o novo Jetta, com motor de quatro cilindros 2.0, 16V. O Bora e o New Beetle não mais constam da listagem. Novidades GM o norte-americano Camaro a R$ 180 mil e o australiano Omega, agora identificado com o piloto Emerson Fittipaldi, V8, 3.6, injeção direta, quase 300 cv, a R$ 128 mil. Da Ford, o Fusion Hybrid trazido do México, e novos Explorer e Edge.


Na Renault, o Fluence, sedã argentino para substituir o Megane, e a promessa de exibir o utilitário esportivo Duster no 1º. trimestre. Outros franceses, Peugeot terá o novo RCZ, esportivo cujas linhas sugerem mescla de Karmann-Ghia com Audi TT; em seguida, o 3008, compacto Premium com motor 1600 BMW, 1.6 Turbo, injeção direta, 165 cv. Vendas em dias. Primeiro trimestre o novo 408. Exclusivo para a América Latina, é pouco maior que um Citroën C4 Pallas, de quem usa a plataforma.


Audi entra em nova faixa, a do pequeno Premium, com o A1. Equipado, motor 1.4, injeção direta, turbo, câmbio de polias variáveis, e R$ 90 mil. Deverá ser um sucesso como charme no segmento.


Na trilha do pequeno charmoso, BMW exibe o Mini Country Man: 4 portas, 4 lugares e opção de tração total, entre R$ 107 mil e R$ 137 mil.


Outra alemã, a Mercedes, criou assinatura, tentativa de recuperar a imagem de tecnologia avançada e confiável. É “The Best or Nothing”, tipo o melhor ou nada. Maior referência de vendas, suprimiu a produção do modelo C 180 Kompressor e trocou-o por 180 CGI, com motor 1.8, injeção direta, turbo e mais 20 cv, atingindo 156 cv. Preço assemelhado, R$ 115 mil. B 180 com sistema de auto-estacionamento, a R$ 105 mil.


Chrysler, como novo alento sob comando Fiat, exibiu novo Grand Cherokee, nova motorização V6, 3,6 litros e 289 cv; anunciou importar o cupê-sedã Charger como o mais potente da categoria, e o cupê Challenger, ambos aguardando novo motor Hemi 6.4 litros.


Dos coreanos em ascensão, Hyundai e Kia, propostas diferentes apesar da identidade de plataformas e motores. A Hyundai aposta numa inversão: carro menor em tamanho e motor, mais caro que o maior. Assim o Sonata – de grade assemelhada ao Honda City – motor 2.4, a R$ 105 mil. Superior ao Azera, maior, mais potente, aparentemente em fim de ciclo. Equivalendo a ele na Kia, como lançamento, o Cadenza V6, 3.500 cm3, 290 cv, a R$ 119.800. Da marca, maior intimidade com o mercado. O Soul 1.6 tornado flex, sem aumento de preço, e Cerato e Picanto mesma opção em breve.


Em resumo, festa é festa. Continua valendo como programa, novidades, por veículos bem apresentados, novidades. Pena, o pavilhão do Anhembi continua sem trato ou reformulação, de má exaustão, desconfortabilíssimo calor em dias quentes. Parque Anhembi, em S Paulo, das 13 às 22 h; ingressos a R$ 40; estudantes R$ 20; menos de 5 e mais de 60 anos, isentos.



O Start Ford sinaliza como será nossa próxima geração de carros baratos


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Roda-a-Roda


Gente – Annuar Ali, 62, vice-presidente do Grupo CAOA, em pacienciosa recuperação: safenas. OOOO Cristian Pouillaude, 60, francês, executivo, promovido. OOOO Da Vice Presidencia comercial da Renault local, para Diretoria Mundial da Marca, na França. OOOO Gustavo Schmidt, saiu da Volkswagen e assumirá a posição. Janeiro. OOOO Carlos Chiti, homenagem póstuma com o Prêmio Inovar para Crescer.OOOO Foi co-fundador das Industrias Romi e o pai do Romi-Isetta.OOOO



Fordlândia, Belterra, muito mais que pneus na Amazônia


Livro interessante, rico em dados e pesquisas de época, mostra pela pena de Greg Grandin, ter havido muito mais que a mera pretensão de investir no látex amazônico para produzir pneus.
A pretensão era esta, mas os impulsos para construção passam pela independência de Henry Ford; o peso das decisões do self-made-man mais rico do mundo; sua aversão por banqueiros; a responsabilidade de controlar os insumos empregados na produção do Modelo T para garantir preço baixo, lucratividade e liderança no mercado.
Claro, existiram fatores acessórios para a inviabilização, desde a cabeça-dura para não ouvir especialistas; mas a inúmeros proponentes – incluindo um sobrinho de Alberto Santos-Dumont - as pragas devastadoras; corrupção no governo do Pará; dificuldades de comunicação; desencontro conceitual em costumes muito diversos do ascetismo adotado por Ford, o choque entre a tentativa de implantação de uma vila norte americana, com usina elétrica, água tratada, casas, geladeiras, ventiladores, piscinas, jardins, ruas asfaltadas, hidrantes, hospital, campo de golfe, e a realidade ribeirinha amazônica há quase um século. Somadas com as pragas, infestação e expansão, inviabilizou o negócio. Aplicaram-se US$ 20 M; enxertaram-se mais de 820 mil árvores; 60 mil polinizações. Mas ao início de sua gestão, Henry Ford II, auditando a companhia e seus processos, encerrou o negócio, passando Fordlândia e Belterra ao governo federal pelo valor das indenizações trabalhistas – US$ 244 mil.
O livro faz cenário interessante e exibe informações internas da fábrica, a mão de ferro do controle industrial, os acertos e erros do fordismo e dá os créditos necessários a Henry Ford, criador de muito mais que um automóvel líder; do oferecimento da mobilidade; da implantação de um sistema industrial que permeou para toda atividade construtiva no mundo.


Fordlandia, Greg Grandin, Ed Rocco, 399 p.


 

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